Blogue da Biblioteca MARIA EULÁLIA MACEDO

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«O único remédio é amar. Amar as coisas e amar as pessoas, amar as cores, as mutações da hora, o ciclo das estações, amar o tempo de ser, de lembrar, de conhecer...»

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

GARRETT FAZ ANOS

A 4 de Fevereiro de 1799 nascia no Porto um dos mais célebres e completos escritores portugueses: Almeida Garrett. Autor do famosa novela "Viagens na Minha Terra", Garrett é um dos mais geniais cultores da língua portuguesa. Escreveu poesia (quem não se lembra de Folhas Caídas ou Flores sem Fruto), criou o conhecido Frei Luís de Sousa, um dos textos dramáticos mais conhecidos do povo português e redigiu as mais famosas  Viagens Na Minha Terra.
Garrett foi mais que um homem da literatura, ele foi um homem da cultura, no sentido amplo da palavra. Deu um enorme impulso ao teatro em Portugal, criando o Conservatório de Arte Dramática e o Teatro Normal (actual Teatro Dona Maria II), introduzindo e cultivando com mestria o Romantismo em Portugal.
Além de homem das letras, Garrett foi também um homem político. A vitória do liberalismo e a sua estreita ligação aos liberais permitiram-lhe ser Par do Reino, Ministro e Secretário de Estado honorário.
A melhor homenagem que podemos fazer-lhe é lê-lo. Aqui fica um excerto de "Viagens na Minha Terra", que apesar de escrito há mais de 160 anos parece tão actual...

Mais umas poucas Dúzias de Homens Ricos...
" andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas, aos políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento (...), onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer (...) um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."

Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'

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